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A fundação das misericórdias deve-se ao empenho da Rainha D. Leonor de Lencastre, viúva do rei D. João II, sendo o seu grande conselheiro e protetor em Roma, o cardeal D. Jorge da Costa (Alpedrinha) ligado à família real portuguesa desde D. Afonso V e eminente figura de prestígio junto do Vaticano. Ficariam assim as Misericórdias como obra de “Homens Bons” que a corte apoiava, e a igreja abençoava, mas respeitando a autonomia de cada.
Na igreja da ordem conhecida por Igreja de Santa Maria do Castelo, fundou-se a irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Castro Marim, em terras que haviam sido doadas à rainha D. Leonor, (Localizadas dentro das muralhas do Castelo), por carta regia de el-rei seu marido, datada de 14 de Abril de 1491, concedendo a esta Misericórdia compromisso igual ao de Lisboa, o qual ainda existe nesta Instituição. A fachada da Igreja de Santa Maria apresenta um portal muito simples, no estilo renascença com duas colunas seccionadas, a meia altura, por três cintas de diversos perfis salientes, o que dá a impressão de cada coluna ser formada por duas sobrepostas. O arco da porta é de meio ponto, e sobre o arco assenta o lintel com dois pináculos adossados tudo sobrepujado por um óculo e uma cruz de cantaria. Subindo a escada da cantaria e ultrapassado o portal, entra-se no templo. Antes das obras de “recuperação”, encontravam-se no chão duas inscrições tumulares. A primeira situava-se no vão da capela lateral e a segunda, logo á entrada do portal. Eram amas d primeira metade do século XVII. A lápide da capela tinha a seguinte inscrição: SPA DE DIOGUO GLZ COELHO DE SEUS HERDEIROS ERTA 1628 (sepultura de Diogo Gonçalves Coelho e seus herdeiros, era de 1628). A lápide da entrada tinha a seguinte inscrição S DE JOSE DA CUNHA PARDAL E S.M. INES COUTIHA DE MELO, ERA 1634 (Sepultura de José da Cunha Pardal e Sua Mulher Inês Coutinho de Melo, era de 1634).
A terceira inscrição, datada de 1881, inscreve-se na parede do que seria um sarcófago situado à esquerda de quem entra na Igreja. As letras A. C. D., são as iniciais de António Celorico Drago que aqui fez o seu jazigo em 1881 – parece querer significar que nesta data, apesar da demolição desta Igreja em 1877, esta não estava completamente abandonada, embora desde 1838, a sede da Misericórdia tivesse passado para a Igreja de S. Sebastião.
A 28 de Maio de 1838 a sede da Santa Casa da Misericórdia, passou para a Igreja de S. Sebastião, conforme portaria do Ministério dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça, e com a autorização da D. Maria II, em virtude da Igreja do Castelo se encontrar em avançado estado de degradação. Concedida esta posse, ficou a Santa Casa incumbida de acordo com a Câmara Municipal de então, realizar a festividade daquele que é o padroeiro desta Misericórdia S. Sebastião. Conforme artigo 96 Capítulo XV dos Estatutos de 1882 os quais tiveram alvará de aprovação por Jerónimo Augusto de Bívar Gomes da Costa, Bacharel formado nas faculdades de Medicina e Filosofia da Universidade de Coimbra, Governador Civil de Faro, e aprovados em Assembleia Geral de Irmãos no dia 17 de Novembro de 1878, era então administrador do Concelho Silvestre José Falcão, o referido documento diz: Reconheço por verdadeiras as cinquenta e duas assinaturas e os trinta e sete sinais de cruz exaradas no fim da ata. O Administrador Substituto do Concelho, Silvestre Falcão.
Ainda no compromisso de 1882 consta no seu artigo 93 como obrigação desta Santa Casa as procissões da Semana Santa, não se sabendo ao certo dos motivos que levaram a que os responsáveis por esta Instituição, pusessem fim a uma tradição de algumas centenas de anos.
A irmandade da Santa Casa da Misericórdia era composta na sua maioria por marítimos residentes em Castro Marim, e dos quais constam nomes como o de José Bateloiro, José de Lima, José Félix e outros, mas também por algumas personalidades com grande projeção no nosso País tais como: João da Guarda Cabreira, Nasceu em Castro Marim este fidalgo, senhor dos morgados da Corte e do Patarinho. Foi Juiz hereditário da alfândega de Vila Real de Santo António e muito auxiliou o governador da praça na sua defesa contra os franceses. Foi o chefe da revolta militar que em 21 de junho de 1808 liberta a sua terra natal do domínio das provas invasoras de Napoleão, tendo rechaçado no dia seguinte, com bocas de artilharia a tentativa de ocupação feita pelos franceses.
Apresentou-se depois ao capitão-general do Algarve, dispondo-se a marchar para onde fosse considerado necessário na luta contra o inimigo invasor e isto deixando o seu rendoso cargo. É nomeado tenente-coronel agregado por patente de 2 de agosto de 1808 e depois comandante do Regimento de Milícias de Tavira, o que aconteceu em 4 de agosto de 1810.
Aqui serviu com muita honra e competência.
Tendo-se comportado com firmeza e boa conduta militar no sítio de Badajoz, foi louvado na Ordem de Divisão do General Hamilton, de 11 de junho de 1811, sendo elogiado por esse e outros bons serviços em campanha.
Foi condecorado com o Laço da Restauração da Capital.
Transferido da arma de infantaria para o Estado Maior do Exército do Reino do Brasil em 1 de setembro de 1814.
É nomeado em 9 de abril de 1829, governador do Forte das Maias, próximo da barra do Tejo.
Em 1834, certamente devido aos acontecimentos políticos e à morte de seu filho ocorrida na cadeia de Faro, emigra para a Itália (Modena), onde veio a falecer em 1851.
Nasceu em Castro Marim, no dia 29 de junho de 1866 e faleceu em Lisboa, a 18 de março de 1927), mais conhecido por Silvestre Falcão, foi um médico, formado pela Universidade de Coimbra, membro do Comité Académico da Revolução de 31 de janeiro, 1.º governador civil do Distrito de Coimbra após a implantação da República Portuguesa. Foi depois deputado e membro da direção do Partido da União Liberal e Ministro do Interior de 12 de dezembro de 1911 a 4 de junho de 1912.
Nasceu em Castro Marim no ano de 1660 e faleceu a 18 de janeiro de 1739.
Nasceu em Castro Marim em 05 de setembro de 1883, vindo a falecer na mesma localidade em 05 de junho de 1960. Foi muitos anos tesoureiro da Câmara Municipal de Castro Marim. Durante as primeiras décadas do século XX, fez uma recolha do que mais significativo em matéria arqueológica e história tinha o concelho. Ele contribuiu para a formação daquilo que seria à época, o Museu Municipal de Castro Marim, a seu cargo, com autorização da Câmara Municipal de Castro Marim em sessão ordinária nessa mesma data. Foi visitado pelo Ministro da Instrução, de então, Dr. Alfredo de Magalhães, em 09 de março de 1928, aquando da sua visita oficial à Vila.
Foi também Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Castro Marim nos anos de 1933 e 1934, tendo pedido a sua demissão, em virtude de não aceitar política na Instituição conforme ata existente na Santa Casa da Misericórdia de Castro Marim.
Aos pobres que provassem a sua situação, esta Instituição dava-lhes todo o género de apoio, indo ao ponto de passar salvos condutos, para poderem ser tratados em qualquer hospital do reino, arcando esta Santa Casa com as despesas, conforme documentos arquivados nesta Instituição.
Foram provedores desta Santa Casa nomes que fazem parte da nossa história, tais como António Brito Cabreira, Sebastião António Nogueira Mimoso seu filho José António Faísca Mimoso, António Celorico Drago, António Monteiro Nunes, Jaques Filipe da Horta e França, Oficial do exército, filho de Joaquim Filipe de Landesert e de D. Mareia do Carmo da França e Horta, pertencente a uma ilustre família algarvia, nasceu em Faro a 11-XI-1804 e faleceu no hospital da mesma cidade em 1848, afilhado de baptismo do Rei D. João IV, seguiu como seu pai e seu avô, a carreira das armas. Serviu no Regimento de Artilharia 3, em Elvas e promovido a 1.º Tenente em 3-IV-1823, manteve-se fiel á causa legitimista, tendo sido um dos oficiais que se apresentaram no Palácio da Bemposta em 30 de Maio do mesmo ano. Colocado no Regimento de Artilharia 2, em Faro, distinguiu-se no combate às forças rebeldes que, em 28-V-1828, atacaram a mesma cidade e isso lhe valeu ser promovido ao posto de Capitão e ser condecorado com a Medalha de Fidelidade. Foi depois ajudante de ordem do barão de Vila da Praia, então Governador do algarve, tomou parte muito ativa nas lutas civis de 1830-31, e foi encarregado da organização do Batalhão de Voluntários Realistas de Faro. Serviu ainda como Quartel Mestre general do exército, em operações. Emigrado para o Estrangeiro após convenção de Évora-Monte foi mais tarde autorizado a regressar à pátria, apresentando-se às autoridades em 6-II-1846, recolhendo ao Hospital de Faro, por se encontrar alienado. Era considerado um matemático e um oficial de artilharia muito sabedor e distinto, a tal ponto que, mesmo depois de doente, era nos momentos lúcidos consultado sobre assuntos que se ligaram à sua especialidade.
Sabe-se, que sempre com enormes dificuldades a Santa Casa da Misericórdia de Castro Marim, administrou o hospital Ribeira Ramos desde 1941, pois até esta data nunca tinha conseguido verba para ter hospital ou albergue, conforme preconizava o artigo 130 do compromisso de 1882 – O Hospital Ribeira Ramos que pertencia à Confraria de Nossa Senhora dos Mártires, passou para a posse da Santa Casa por portaria de 18 de Junho de 1941. Foi destruído pelo terramoto de 1969.
Nos anos de 1950 a meados de l970, passou por graves dificuldades financeiras e de recursos humanos, valendo nesta época a boa vontade e prestimosa colaboração de alguns Provedores entre eles o Dr. José Afonso Gomes, Tenente Carlota, Padre António Henriques entre outros.
Contudo é no Século XX, mais precisamente na década de 80, que das ruínas do Hospital surge o Lar e Centro de Dia de Castro Marim. Em muito impulsionado pela Mesa Administrativa de então, que tinha como Provedor José Guilhermino Anacleto e como Secretário o Padre António de Oliveira Henriques talvez o maior impulsionador para que a Instituição iniciasse as suas atividades de carácter social.
Em 1980 a Instituição recebeu por parte do Centro Regional da Segurança Social uma comunicação a qual informava a Mesa Administrativa, que aqueles serviços estavam considerando uma proposta da Câmara Municipal do Concelho de Castro Marim para a criação de um centro de apoio à infância no local onde se encontrava o Hospital Ribeira Ramos. A Mesa Administrativa, por seu turno, pensara já em aproveitar o local para construção de um Lar e Centro de Dia pois apresentava maior urgência em virtude, de, ser notável o número de pessoas que devido à sua idade, não se podiam valer nem encontrar quem os tratasse. Assim, data desta época o início das valências de Lar de Idosos, Centro de Dia e Apoio Domiciliário em Castro Marim Azinhal e Odeleite, este num espaço gentilmente cedido pela Junta de Freguesia de Odeleite.
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